Saturday, May 05, 2007

Grampos levaram polícia a esquema em SC

Folha de São Paulo ; Mari Totato ; 5/5/2007

Escutas mostram diálogos entre empresários e vereador apontado como líder de máfia para liberar obras em áreas de proteção ambiental

Dos 19 presos, sete foram soltos, entre eles o dono do resort Costão do Santinho; segundo seu advogado, não há crime ambiental em obra


Petra Mafalda/Folha Imagem
Shopping Iguatemi em Florianópolis, uma das obras suspeitas

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça fundamentaram os pedidos de prisão temporária dos 22 suspeitos de envolvimento em esquema de venda de leis e atos administrativos em favor de empreendimentos imobiliários em Florianópolis (SC).
Deflagrada anteontem pela Polícia Federal, a Operação Moeda Verde investiga suspeitas de corrupção na liberação de construções em áreas da União e de proteção ambiental. Entre os 19 presos anteontem estão um vereador da capital catarinense, dois secretários municipais, três servidores de órgãos ambientais e pelo menos nove empresários.
Dos 19, sete haviam sido liberados até o início da noite de ontem pela Justiça Federal, que considerou que as prisões não eram mais necessárias para obter provas. Entre os liberados está o empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do resort Costão do Santinho, um dos mais luxuosos do país.
Das três pessoas com mandados de prisão em aberto, apenas uma havia se apresentado à PF até o início da noite de ontem.
As escutas captaram diálogos de empresários com o vereador Juarez Silveira (sem partido), preso anteontem e apontado pela PF como líder do esquema. Outros empresários presos só foram citados nas conversas.
A apuração começou em agosto de 2006, com a suspeita de irregularidades na liberação da construção do loteamento milionário ""Il Campanário", do grupo gaúcho Habitasul. Três pessoas do grupo, incluindo seu presidente, foram presos.
As escutas conduziram a investigação para outros empreendimentos milionários, como o Vilas do Santinho, expansão do resort Costão do Santinho, e o shopping Iguatemi, inaugurado mês passado.
A delegada Julia Vergara disse que liberou a arquiteta do shopping, presa anteontem, por ela ter colaborado com a apuração. Em depoimento, ela disse que executivos do shopping pagaram R$ 20 mil a servidores públicos para liberar documentos pendentes.
Em depoimento à PF, o vereador Juarez Silveira negou que tenha exercido tráfico de influência para conseguir que servidores de órgãos ambientais "driblassem" leis para beneficiar empreendimentos.
O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), enviou ontem procuradores do Estado à PF para colher informações sobre suspeitas contra Marcílio Ávila, presidente do órgão estadual de turismo, que ainda não se apresentou à polícia. Disse que afastará o servidor se houver "acusações graves" contra ele. Luiz Henrique disse ainda que a operação da PF pode "afugentar investimentos milionários na área de turismo" no Estado.

Outro lado

O advogado de Marcondes de Mattos, do resort Costão do Santinho, disse que falar com políticos "não é crime de tráfico de influência", e que não há crime ambiental na construção do loteamento sob suspeita.
A Folha não localizou representantes do shopping Iguatemi nem do grupo Habitasul. Anteontem, o grupo Habitasul já havia negado as suspeitas.

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