Friday, May 04, 2007

Polícia Federal prende 19 empresários e políticos


Diário Catarinense ; Felipe Pereira ; 4/5/2007

A Polícia Federal prendeu ontem, temporariamente, 19 pessoas suspeitas de participarem de um esquema de compra e venda de licenças para construção em áreas de preservação ambiental em Florianópolis. Na decisão que determinou as prisões temporárias de cinco dias, o juiz Zenildo Bodnar, da Vara da Fazenda Ambiental de Florianópolis, escreveu que "as prisões não implicam juízo de valor sobre a culpa ou inocência, a serem devidamente apuradas no curso regular do processo, com respeito ao direito à ampla defesa". No começo da noite, três citados foram liberados.

A Operação Moeda Verde, como foi batizada, repercutiu em todo o Estado e país. Na Capital, motoristas buzinavam e acenavam para os agentes da Polícia Federal que atuavam na operação. No Centro da cidade, as prisões eram assunto de todas as rodas de conversa.

De acordo com as investigações, políticos e servidores de órgãos ambientais do município e do Estado receberiam dinheiro, carros ou favorecimentos em troca de alvarás para obras. Para a coordenadora da Operação Moeda Verde, delegada Julia Vergara, foi desarticulada uma organização criminosa incrustada na administração pública. As suspeitas são de contrabando, crimes contra a ordem jurídica, falsificação, uso de documentos falsos, formação de quadrilha, corrupção e tráfico de influência.

As investigações duraram nove meses e começaram depois de o Ministério Público Federal pedir à Polícia Federal para investigar indícios de crime ambiental nas obras do Loteamento Il Campanario, em Jurerê Internacional, no Norte da Ilha de Santa Catarina. A operação foi deflagrada ontem, às 6h, e envolveu 170 policiais.

Segundo a delegada, os suspeitos também negociavam mudanças no Plano Diretor da cidade, que agora está sob suspeita. De acordo com a coordenadora das investigações, as mudanças envolviam vantagens indevidas.

Na operação, foram apreendidos R$ 516,5 mil e U$ 37,5 mil (cerca de R$ 75 mil) na revendedora de carros Santa Fé do Shopping Iguatemi. Ainda foram levados para a sede da Polícia Federal, 30 malotes com documentos e oito automóveis. Também foi recolhido um aparelho de TV de plasma.

Segundo a Polícia Federal, todos os veículos pertencem ao vereador Juarez Silveira. No entanto, de acordo com a delegada Julia Vergara, os carros estavam em nome de terceiros. Somente um sobrinho de Juarez teria três carros.

O vereador negou, em entrevista à RBS TV, que negociasse licenças ambientais e garantiu que apenas é amigo dos outros suspeitos.

Para a coordenadora da operação, pode haver relação entre a prisão de André Luiz Dadam, servidor da Fatma encontrado com R$ 8 mil no ano passado, e o esquema de comercialização de licenças ambientais. De acordo com ela, naquela ocasião, Dadam foi flagrado com o dinheiro depois de deixar a sede da Habitasul. A quantia teria sido citada em conversas telefônicas interceptadas nas investigações e seria destinado a campanhas eleitorais.

À noite, o juiz Zenildo Bodnar concedeu alvará de soltura ao secretário de Obras da Capital, Aurélio Remor; ao dono do Colégio Energia, Percy Haensch; e à arquiteta do Shopping Iguatemi Margarida de Quadros. Ele ainda, com base em laudo de médico oficial, aceitou a internação do vereador Juarez Silveira.

O presidente da Santur, Marcílio Ávila; o médico Sérgio Lima de Almeida; e o sócio do Shopping Iguatemi Paulo Cezar Maciel da Silva estavam fora do Estado e não foram presos ontem. Os mandados de prisão de Péricles Druck, dono do grupo Habitasul, e Fernando Habckost, um dos diretores do grupo, foram cumpridos em Porto Alegre.

Ainda ontem, os policiais começaram a análise dos documentos. Pela quantidade de pessoas detidas, nem todos os depoimentos foram tomados.


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