Friday, May 04, 2007

Coluna Paulo Alceu ; 4/5/2007

Esperança

Florianópolis acordou com uma operação da Polícia Federal denominada de moeda verde prendendo personalidades da construção civil, políticos, servidores de organismos da administração municipal e estadual, todos suspeitos de cometerem crime ambiental. A cidade se viu entre a perplexidade e a satisfação. Não por ver pessoas conhecidas e respeitadas sendo detidas temporariamente para investigação, mas pelo sentimento de justiça. De repente 170 policiais de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná apagaram por alguns momentos a impunidade conhecida e muitas vezes praticada. Permitiram uma rusga de esperança diante de um país que tem muito que mudar. E a cidade, sem dúvida, deve ser preservada de relações escusas. Se houve que se punam os culpados. O que não se pode é um julgamento precipitado, um linchamento moral. São pessoas que atuam na cidade ou dando emprego, ou investindo, ou sempre acreditando, mas se hoje estão no banco dos réus terão que se explicar em respeito a esta mesma cidade e seus cidadãos.


Fato

Não estamos diante de marginais e criminosos, mas de empresários que investem pesado na cidade e políticos suspeitos de crime ambiental e corrupção ativa, como também servidores da administração municipal e estadual. Não foram condenados, sendo assim todos se mantêm inocentes até prova em contrário.


Marco Zero

A operação deflagrada pela Polícia Federal, sem alardes e com profissionalismo, revelou que algo poderá mudar daqui para frente no Estado na esfera da proteção ambiental. Era comum ouvir pelos cantos mais variados da cidade comentários de facilidades e benefícios entre políticos e empresários como se fossem algo comum e corriqueiro. Faltavam as provas, mas sobravam suspeitas. As dúvidas se sustentavam no Plano Diretor que sofria inúmeras modificações sempre atendendo alguns segmentos. Será que visava a cidade? É um bom momento para rever a Câmara Municipal, até para preservar quem faz um trabalho digno. Separar o joio do trigo.

-Pela primeira vez as histórias comentadas em ambientes sociais estão na mira da Polícia Federal e do Ministério Público. Florianópolis em alguns aspectos parecia terra de ninguém, ou de alguns poucos privilegiados. Dependia de relacionamentos para abrir portas às vezes ilegais. É uma cidade fascinante e por isso merece ser reverenciada e não desrespeitada. A ação da Polícia Federal provocou dúvidas àqueles que acreditavam que por aqui estavam havendo, isso sim, perseguições no campo ambiental. O próprio governador levantou-se várias vezes em defesa dos empreendedores como se fossem vítimas quem sabe de ações de autoridades exigentes ao extremo contrárias ao desenvolvimento. Parece que a história não é bem esta. Uma convivência salutar e responsável entre o homem e a natureza se faz obrigatória. Preservar e usufruir, não extrair benefícios próprios.


Como tudo começou

Vale destacar que em 2005 o procurador-chefe do Ministério Público Federal, Walmor Alves Moreira, fez uma série de denúncias de crime ambiental em Florianópolis. Há mais de 300 ações contra a Fatma por comercialização de licenças. Quando assumiu em 2003 percebeu a má gestão ambiental por parte da Fatma, que não respeitava a legislação, o código florestal e as resoluções da Conama.


Investigação

A operação moeda verde cumpriu 30 mandados de busca e apreensão e 17 mandados de prisão temporária depois de nove meses de intensas investigações que começaram por um empreendimento em Jurerê Internacional de responsabilidade da Habitasul estendendo-se para outros empresários e vereadores. Gravações telefônicas permitiram chegar a pessoas que segundo a Polícia Federal estariam praticando crime ambiental, tráfico de influência, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva além de crime contra a administração pública.


Declaração 1

“Aos amigos tudo, aos inimigos nada.” A declaração é da delegada Júlia Vergara que comandou a operação. Destacou que havia facilidades na liberação de licenças ambientais para empreendimentos na cidade que apresentavam problemas ambientais e que os envolvidos recebiam pagamento em dinheiro ou carros, além de troca de favores entre órgãos.

-O juiz federal Zenildo Bodnar é conhecido por advogados como uma pessoa equilibrada, exigente e com um alto conhecimento na área ambiental. Não tomaria uma medida de tal repercussão senão tivesse abastecido de provas contundentes.


Declaração 2

“Há sim evidências suficientes para que a Justiça puna os infratores,” declarou o delegado Raimundo Barbosa descartando informações de que não havia nada de grave contra os detidos.O delegado também deixou claro que a Polícia Federal não permitirá interferência política reconhecendo que mexeu com gente conhecida da cidade, mas afirma "que todos têm culpa uns em maior grau que outros."

-O delegado Raimundo Barbosa garante que há evidências de que o vereador Juarez Silveira (sem partido) seja o líder do grupo que negociava licenças ambientais em Florianópolis. Silveira nega as acusações. Ontem à noite por determinação do juiz federal Zenildo Bodnar o vereador foi internado com base num laudo médico oficial.


E agora?

Num primeiro momento o procurador-geral do município, Jaime de Souza, afirmou que se tratavam de questões ambientais da administração passada.Tentou isentar de culpa o governo Dário Berger transferindo o peso para governos anteriores., entre eles de Ângela Amin. Mas ao assumir não manteve as ilegalidades? Sendo assim tem parte da culpa. A partir daí o procurador evidenciou que as decisões foram acompanhadas pela administração Berger por serem consideradas legais. Não é a opinião da Polícia Federal que garante possuir provas robustas.

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