Tuesday, March 06, 2007

REMOÇÕES

Coluna Cesar Valente ; 6/3/2007

A prefeitura de Florianópolis vai gastar uma grana para construir casas para as famílias que ocuparam irregularmente a Ponta do Leal, no Estreito. Construíram palafitas sobre as pedras, a areia e o mar e agora serão removidos para um conjunto habitacional.

Jamais entenderei por que as prefeituras deixam formarem-se as favelas em áreas centrais e irregulares. Em geral a coisa demora um certo tempo. Um faz um barraco, dali a algum tempo outro e assim, em um ano ou mais, forma-se uma comunidade sob as vistas de todos, menos de quem deveria zelar para que a cidade não se transforme numa terra de ninguém.

Tivesse eu algum poder e trataria de cobrar, de todos os prefeitos, secretários e fiscais de todos os anos em que a palafita se formou e se manteve, as despesas de construção de moradia para aquele pessoal.

Se em determinada área não se pode construir, então não se pode construir. Mas parece que a jogada é deixar os pobres-coitados ocuparem, para que o preço dos terrenos baixem e aí, depois que os empresários espertalhões fizeram seus bons negócios, a prefeitura arca com o prejuízo e “limpa a área”.

VEREADORES VENAIS

Coluna Cesar Valente ; 6/3/2007

Esta história ouvi numa mesa de restaurante, de um empresário de hotelaria que estava em outra mesa. Fanfarrão, falava tão alto, tão dono do mundo, que eu e mais uns tantos que estávamos ao redor ouvíamos perfeitamente.

Em resumo é o seguinte: ele compra, baratinho, um terreno numa área residencial. Como não se pode construir edifícios, o valor é baixo.

Aí, “conversa” com um ou mais vereadores, escorrega para os bolsos deles alguns milhares de reais (ou um carro de luxo, ou uma viagem ou algum outro mimo) e milagrosamente aparece uma proposta modificando o Plano Diretor e autorizando, por enorme coincidência, a construção de prédios naquela zona. Justamente onde o nosso gabola tem um terreninho.

Liberada a ocupação, ele vende o terreno e tem um lucro absurdo, que compensa fartamente os gastos que teve com seus amigos vereadores. É coisa de comprar o terreno por R$ 80 mil, dar R$ 50 mil para “abrir caminhos” e vender por mais de um milhão. Mina de ouro. E ele ria, como se tudo fosse absolutamente legal, normal e comum.

O pior é que, da forma como as coisas andam em muitas câmaras de vereadores, essas negociatas estão se transformando mesmo em coisas corriqueiras, banais e completamente integradas à paisagem.

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