Saturday, May 05, 2007

E AGORA, JUAREZ?

Coluna Cesar Valente ; 5/5/2007

Depois da tempestade, vem a calmaria. Devagarinho o céu vai abrindo, o sol volta a brilhar (tá certo que, para alguns, continua meio quadrado ou retangular, mas não deixa de iluminar) e as cabeças esfriam.

O ditado popular diz que “negociata” é aquele bom negócio para o qual a gente não foi convidado. Cidade de funcionários públicos, habituada a lidar com as leis e os desvãos das leis, Florianópolis sempre foi muito condescendente com as espertezas de todos os níveis.

É considerado “do jogo”, que o fiscal da prefeitura, ao vistoriar a casa para o habite-se, encontre uma porção de problemas. A solução: procurar o vereador da sua região. Com esse intermediário, as coisas se resolvem. Com ou sem propina, dependendo do caso.

Para gente que vive tão perto do poder e conhece tanta gente de dentro do poder, nada é impossível. A lei atrapalha? Muda-se a lei. Ou melhor, cria-se tal confusão legal que ninguém poderá dizer, afinal o que é ou o que não é permitido.

Da confusão legal e das lacunas legais aproveitam-se todos. Locupletam-se os diversos envolvidos. E esvaem-se pelos desvãos as tentativas de colocar ordem na casa. Além do que, a Justiça é lenta e a memória do povo é fraca.

LONGE DO DÁRIO?

O prefeito da capital apressou-se (demais) em afastar de si a bomba. Quis jogar no colo da Ângela. Parece que não colou. Não que nada tivesse acontecido a.D. (antes do Dário). Simplesmente porque as escutas e as investigações foram feitas nos últimos nove meses. Não parece razoável imaginar que os envolvidos tenham passado os últimos meses conversando apenas sobre maracutaias de três ou quatro anos atrás.


E a PF está atribuindo ao vereador Juarez Silveira um papel protagonista no esquema. O Juarez era (é?) líder do governo, representante do prefeito na Câmara de Vereadores. E três importantes auxiliares foram detidos.

TODOS INOCENTES

Não consigo entender como é que a gente, que não ocupa cargo de responsabilidade, nem freqüenta salões exclusivos, fica sabendo das fofocas e a turma do andar de cima vive na ignorância. Jamais sabem, a tempo de evitar o crime e o ilícito, do que acontece no seu quintal (e às vezes na sua sala de visita).


Bom, eles não têm outra saída a não ser jurar de pés juntos que não sabiam. Sim, porque se sabiam e não acabaram com a farra, cometeram também uma ilegalidade. Preferem passar por tontos, tolos e ineptos.

QUEM?

Tão surpreendente quanto a operação da PF, foi a nomeação do radialista e policial Roberto Salum para a SUSP. A prefeitura já tem um delegado da PF no Ipuf e agora tem um policial civil (cujo sonho era ser secretário de segurança) cuidando da secretaria de obras. Que tipo de cidade será que o prefeito tem na cabeça?


VEREADORE$

Do episódio todo, a Câmara de Vereadores da capital sai com imensas manchas, nódoas de difícil remoção e paira sobre todos os vereadores uma nuvem negra, carregada de suspeitas. Acho bom que aqueles que não têm o rabo preso nem se meteram em esquemas ilícios, começarem a se mexer. Antes que a gosma da maledicência popular grude em todos, indistintamente.


ESSE JUAREZ...

O Juarez Silveira é um manezinho do Estreito, da minha geração (talvez um pouco mais moço). Nos últimos tempos, quando o encontrava, em algum restaurante ou evento público, ele gostava de comentar sobre minhas namoradas, da época em que éramos jovens, no Estreito. Éramos quase vizinhos.


E ali perto (década de 60) tinha uma oficina mecânica, de um cara chamado Amauri, onde se consertava, como em nenhum outro lugar, os fusquinhas. O Gaguinho, o mecânico do Amauri, era um monstro.

Depois, perdi contato. O Amauri cresceu, virou revenda de automóveis, embrenhou-se em inúmeros outros negócios. Juarez, até onde sei, acompanhou esse crescimento e foi apoiado por ele nas suas primeiras candidaturas.

Não tenho idéia o que pode ter levado aquele colega de bairro a fazer essa trajetória e chegar a ser acusado, pela PF, de organizar um esquema de negociação desse tipo. Também não sei se ele está sozinho. Se não teve que rezar pela cartilha de alguém.

Ultimamente, foi abrigado, pelo governo do estado, numa das diretorias da Codesc. Sob as asas do amigão Içuriti, o Juarez estava se recompondo quando, de repente, enfiam-lhe uma moeda verde goela abaixo.

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